A nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco recebe, neste
mês de Outubro, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Sei que não é
muito agradável para qualquer mãe (e irmãos) que seus filhos estejam ausentes
nos momentos fortes da vida pessoal e familiar. Os pais sabem que é preciso
celebrar estas e outras festas da vida para unir e ajudar a família a fazer da
vida uma verdadeira festa, antecipação da FESTA eterna!
A minha ausência em Roma no Sínodo dos Bispos sobre a Família,
não me permite a presença física. No entanto, agradecido e unido a todo o
Presbitério diocesano, vivo na esperança de que a imagem da Senhora de Fátima
ajudará a abrir o coração de todos os diocesanos para que recebam a Mãe de Deus
e nossa Mãe no melhor cantinho do seu coração, pessoal e familiar. E, aí, Lhe
prestem todas as atenções, com oração e ternura, com o encanto de filhos
agradecidos e a decisão de trilhar o caminho que leva a Cristo. Que todos A
recebam com tanto amor e ternura como quando Cristo, confiando plenamente em
nós, no-l’A entregou com enorme delicadeza e carinho: “Filho, eis aí a tua Mãe”.
A visita da imagem peregrina será, também, momento oportuno
para que toda a Diocese intensifique a oração, reze e acompanhe os trabalhos do
Sínodo a decorrer em Roma, tendo presente a família, todas as famílias da nossa
Diocese, sobretudo aquelas que, por causa da ausência de Deus na vida pessoal e
familiar, sofrem a solidão e a instabilidade. Todas as famílias feridas pelas
guerras, os exílios, a fome, a exclusão, as doenças, a separação, o divórcio, os
maus tratos, o desemprego, a insegurança, a falta de habitação e de acesso à cultura
e à saúde…
Neste olhar suplicante, não esqueçamos os avós que sofrem,
silenciosa mas amargamente, a dor própria e a dos seus, a falência do casamento
de seus filhos e netos e veem, por vezes, as crianças a serem abandonadas ou a
serem objeto de disputa sem qualquer atenção à sua dor e tristeza. O
Instrumento de Trabalho do Sínodo dos Bispos sublinha que a experiência do
fracasso matrimonial é sempre uma derrota, não escolhida em plena liberdade, mas
aceite com muito sofrimento. Uma situação dolorosa que não temos o direito de julgar,
condenar ou apontar. Jesus, ao anunciar as exigências do Reino, olhou sempre
com amor e ternura para todos. Acompanhou-os com solicitude de Bom Pastor, mas sem
nunca prometer ou sequer insinuar o que não podia dar. Nunca fugiu à verdade
das coisas e das situações, pois só a verdade transforma e eleva. O Papa
Francisco, perante a diversidade de situações e sofrimento, aconselha-nos a ter
“uma atitude sábia e diferenciada. Por vezes permanecendo ao lado e escutar em
silêncio; outras vezes ir à frente indicar o caminho por onde prosseguir,
outras vezes pôr-se atrás para apoiar e encorajar”, com respeito e humildade.
Sirvamos e rezemos por estas famílias e pessoas feridas e
sofredoras. Peçamos pelos jovens para que se envolvam verdadeiramente numa
séria preparação para o seu matrimónio. Demos graças ao Senhor pela generosa
fidelidade com que tantas e tantas outras respondem, com alegria e fé, à sua
vocação e missão, mesmo no meio das dificuldades e vergastadas da vida. Estas
entenderam que “a fé faz descobrir a vocação ao amor e assegura que este amor é
fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra
na fidelidade a Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade”(LF 53).
Que Nossa Senhora de Fátima nos toque o coração, nos dê a
graça da conversão constante e nos ajude a entender cada vez mais “a beleza, a
função e a dignidade da família” e a termos uma pastoral familiar mais ousada e
inovadora “que evidencie sempre o valor do encontro pessoal com Cristo, permita
realçar a centralidade do casal e da família no projeto de Deus e leve a
reconhecer como Deus entra no concreto da vida familiar, tornando-a mais bela e
vital” (IL).
Antonino Dias, Bispo
Diocesano
Sem comentários:
Enviar um comentário