segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Educar na alegria da fé

De 28 de Setembro a 5 de Outubro vai decorrer a Semana Nacional da Educação Cristã subordinada ao tema "A Alegria de anunciar Jesus Cristo".

A semana de educação cristã que celebramos convida-nos a descobrir que educar na fé é educar na alegria, na esperança e no amor. Como afirma o papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho, (Evangelii Gaudium EG 1): “com Jesus renasce sem cessar a alegria”. É a perspetiva correta para entender o papel da educação cristã. Na verdade, esta tem como finalidade descobrir e seguir o evangelho que enche de alegria o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. (Cf EG 1). Como acreditamos e como podemos observar na história e na vida da Igreja, o evangelho é, realmente, o caminho para uma vida plena e feliz.
Reconhecemos por estas palavras como é hoje importante que a educação cristã tenha a marca da alegria. Na realidade, vivemos tempos de desânimo, de tristeza e de resignação. Estes sentimentos estão relacionados com o forte individualismo e consumismo da nossa cultura. Abundam os divertimentos mas escasseia a alegria interior e profunda. Oferecem-se hoje muitos bens da técnica moderna que distraem, preenchem o tempo e os interesses imediatos mas alienam da vida real e criam um mundo próprio em que cada um se fecha e se isola dos outros.
A educação cristã leva a vencer estas tendências na medida em que incentiva cada um a sair de si para a realidade, para o mundo, para os outros, para Deus. Orienta no pleno desenvolvimento da pessoa e no crescimento da solidariedade e da relação fraterna, da responsabilidade pelo bem do próximo. Deste modo, para encontrar a alegria, é necessário sair de si mesmo: “A alegria do evangelho contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, semear sempre mais além” (EG 21). Nesta linha entendemos a afirmação do Papa Francisco: “O evangelho é a mensagem mais bela que há no mundo” (EG 21). Dá beleza e encanto à vida e leva a vivê-la como uma missão.
Perante este horizonte, quem não sente vontade de transmitir a outros esta alegria do evangelho através da educação cristã? No fundo, é oferecer um caminho que leva à responsabilidade, ao sentido de missão, ao gosto de viver. Esta é, certamente, uma preocupação de todos os pais que desejam ver os filhos felizes.
 Família, primeiro lugar de educação
A família é o primeiro lugar de educação humana e cristã. Na fé cristã podem as famílias encontrar um sólido apoio e uma luz preciosa para vencer o individualismo, a indiferença e a dispersão que hoje ameaçam a união e a harmonia nos lares. A fé torna-se fonte de amor e de solidariedade, de misericórdia e de perdão, que abre à esperança e à responsabilidade de cuidar uns dos outros. Na família, os pais e avós enriquecem os filhos e os netos com a herança do cristianismo e, transmitindo e educando, são eles próprios incentivados a crescer e a aprofundar a fé. Assim, experimentam ao vivo o que dizia São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”.
 Importância essencial da Escola
A Escola é outro lugar essencial da educação colaborando e completando a missão da família e da comunidade. Pela disciplina de Educação Moral Religiosa Católica (EMRC), a luz do evangelho ilumina e fortalece a educação integral da pessoa humana proporcionada pela Escola, transmitindo a sabedoria cristã e ajudando a construir um projeto de pessoa e de sociedade. A EMRC promove, por outro lado, o relacionamento comunitário, o ambiente cordial e iniciativas relacionadas com a cultura e com a solidariedade. Não deixem, portanto, as famílias e os filhos cristãos de se inscreverem e participarem nesta fonte de formação humana e cristã.
 Maternidade espiritual da comunidade cristã
Lugar fundamental de educação da fé, e base de todos os outros, é a comunidade cristã, onde a Igreja se apresenta como Mãe que gera a vida espiritual e anima o seu crescimento. Pela catequese, pelas celebrações da liturgia e da piedade popular, pela fraternidade e pela prática da caridade, a comunidade cristã oferece, através do acolhimento e da integração, da palavra e dos sinais, a possibilidade de experimentar a fé cristã como caminho para vida, como acompanhamento, como festa que enche a vida de alegria. Neste sentido, é importante que todos os fiéis se sintam envolvidos na educação da fé e envolvam todas as idades neste percurso. E, igualmente, que tenham consciência de que o crescimento da vida cristã se processa em várias dimensões que se complementam. Na verdade, o ensino da memória da fé da igreja torna-se encontro e experiência vivida na liturgia e na piedade popular e prática na solidariedade. Educar na fé é conduzir no desenvolvimento harmonioso de todas estas dimensões da vida cristã.
 As fontes da alegria
Educação cristã é guiar no caminho para a morada de Deus com os homens, para a cidade santa, a nova Jerusalém, de modo a viver na presença de Deus, na amizade com Jesus e conduzidos pelo Espírito Santo, na fraternidade cristã. “Que alegria quando me disseram: “Vamos para a casa do Senhor”(Sl 122,1). Na Igreja, a nova Jerusalém, estão presentes os tesouros com que Deus quer enriquecer a nossa existência: as Sagradas Escrituras que nos falam do Senhor Jesus e nos transmitem a voz do Espírito Santo; o símbolo da fé e a memória da Igreja, fonte de sabedoria; a oração que nos eleva à comunicação com o Senhor; os sacramentos sinais do encontro com Deus; a fraternidade da comunidade cristã; a comunhão eclesial com Maria, os apóstolos e os santos. Missão da catequese é transmitir esta herança divina, este tesouro de glória que ilumina e alegra a nossa vida humana. Seremos capazes de contar de tal modo com estas fontes de modo a despertar encanto pela sua beleza? (Papa Francisco aos bispos do Brasil nas JMJ). Este é um dos maiores desafios da educação cristã.

Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF)
Olivais, 8 de setembro de 2014, Festa da Natividade de Nossa Senhora

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Luz, Terna e Suave

Concurso para Bolsa de Contratação de Escolas


 
Está disponível no site da DGAE a aplicação para o concurso para Bolsa de Contratação de Escolas (Escolas TEIP e com Autonomia) até ao dia 4 deste mês (quinta-feira), pelas 18h. Nesta fase podem concorrer todos os docentes com habilitação profissional, própria e demais habilitações previstas no Despacho Normativo 6809/2014, de 23 de maio.
Documentos de apoio:
Os intervalos de horário são os seguintes:
1 – Horário completo;
2 – Horário maior ou igual a quinze horas (horários de 15 horas a completos, inclusivé);
3 – Horário maior ou igual a oito horas (horários de 8 horas a completos, inclusivé);
4 - Horário maior ou igual a uma hora (horários de 1 hora a completos, inclusivé).
Para cada AE/ENA deverá responder à questão: “Pretende ser opositor a horários temporários neste AE/ENA?”. Ao responder “sim” significa que está a manifestar preferência por horários temporários naquele AE/ENA e para a carga horária selecionada (correspondente aos intervalos de horário acima referidos).
ATENÇÃO: Ao manifestar preferência por um código de AE/ENA poderá permanecer na bolsa de contratação de escola durante toda sua duração. Ao ser selecionado para um horário,independentemente do seu número de horas e duração, está sujeito aos deveres de aceitação e respetivas sanções previstas no artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 132/2012, de 27 de junho, na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 83-A/2014, de 23 de maio, retificado pela Declaração de Retificação n.º 36/2014 de 22 de julho, pelo que deverá ser criterioso na sua manifestação de preferências.
Artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 132/2012, de 27 de junho:
"O não cumprimento dos deveres de aceitação e apresentação é considerado, para todos os efeitos legais, como não aceitação da colocação e determina a:
a) Anulação da colocação obtida;
c) Impossibilidade de os docentes não integrados na carreira serem colocados em exercício de funções docentes nesse ano, através dos procedimentos concursais regulados no presente diploma".

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O lugar de Deus





É estranho ver aqui um artigo com este título, não é? Vários leitores, irritados ou enfastiados, passaram já à página seguinte; outros lêem, desconfiados ou agradavelmente surpreendidos; todos, porém, sentiram o insólito da situação. Não é normal ter, num diário de referência e grande circulação, um texto com este tema.
A estranheza é, ela mesmo, estranha. Nos tempos que correm não somos propriamente cândidos. Por isso, nas outras páginas deste periódico, precisamente por ser de referência e grande circulação, encontram-se, sem despertar assombro, os assuntos mais diversos e abstrusos. Violências cruéis e perversões várias, passando por inúmeros crimes, tolices e extravagâncias, até temas religiosos, de agressões extremistas a ensinamentos sábios, não suscitam perturbação. Nada incomoda tanto uma audiência sofisticada e esclarecida quanto este título. Todas as coisas são de esperar numa publicação destas; não uma inquirição séria sobre a pessoa de Deus.
No entanto, a divindade é o tema mais presente e comum da humanidade. Nas publicações de referência e nas manifestações públicas de qualquer outro período ou região, surge a natural e serena presença da Providência. Todas as culturas, épocas e civilizações conviveram com ela de formas variadas, mas sempre normais. O incómodo actual contrasta com a generalidade dos povos. A aberração é realmente nossa. Insólito não é o título, mas a sua raridade.
A origem da inesperada estranheza é óbvia. Somos herdeiros da primeira tentativa humana de erradicação sistemática do transcendente. Nos últimos 250 anos, em toda Europa, filósofos argumentaram e oradores ridicularizaram; autoridades proibiram, encerraram, prenderam, por vezes devastaram e executaram. No conjunto, representou o maior esforço colectivo da história da humanidade. E foi contra Deus.
Finalmente os promotores entenderam que não só o processo os transformara em monstros piores do que os que diziam perseguir, mas os resultados eram desanimadores. A religião, debaixo da terrível pressão, resistiu e prosperou. Então mudaram o método. O Todo-Poderoso deixou de ser atacado abertamente para ser ignorado. Passou de inimigo a desconhecido.
Hoje suscita-se um esforço colectivo de fingir que as questões fundamentais da existência -origem e finalidade da realidade, sentido da vida, destino pessoal- afinal não interessam. A cultura mediática embriaga-se em ilusão, magia, política, ciência, zombies e super-heróis para esquecer que somos apenas humanos em busca da felicidade. As crenças mais abstrusas podem ser apregoadas livremente, desde que realmente não sejam levadas a sério. Como não se entende uma fé verdadeira, existem oficialmente apenas duas alternativas admissíveis: indiferença ou fanatismo. Chega-se a ponto de rejeitar como boçalidade ou fundamentalismo qualquer genuína expressão de devoção. Um texto como este, por exemplo, deve manifestar desequilíbrio.
O desvio afectou até os fiéis piedosos. Como algum público se irrita com a religião alheia, vários devotos escondem a sua fé para não incomodar. Sem se preocuparem com o incómodo de Deus. Muitos, até zelosos, têm dificuldade em se relacionar com o sublime, preferindo uma religião pragmática e assistencialista. O Papa Francisco censurou precisamente isso na sua primeira homilia: "Se não confessarmos Jesus Cristo, tornar-nos-emos uma ONG sociocaritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor" (Capela Sistina, 14 de Março de 2013).
Qual é então o lugar de Deus? Alguns recusam-Lhe cidadania, fazendo-O o único proscrito da sociedade tolerante. Outros situam-nO no alto dos Céus, cheio de majestade mas vago, longínquo e indiferente. Há ainda os que O colocam dentro do coração do homem, mas tão fundo que mal se sente. Não entendem que a questão do lugar de Deus realmente não faz sentido. Deus, sendo Deus, não tem lugar, pois o infinito não sofre localização; o absoluto não é contingente. O único lugar a determinar é o nosso. E, onde quer que esse seja, "o Reino de Deus está próximo" (Mc 1, 15).
 JOAO CÉSAR DAS NEVES