quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entrevista ao Papa Francisco na revista Paris Match




Desejo do Papa passear por Roma e "mangiare" uma boa pizza com os amigos
O Papa Francisco é o protagonista da capa desta semana da nova revista Paris Match, geralmente reservada a celebridades do desporto e entretenimento. Uma  extensa entrevista com o Papa, que tem temas como pobreza, dignidade humana, críticas ao capitalismo e ambiente. Nada  de novo (caso se pensasse nalguma revelação sobre a eventual viagem à França, tão desejada pelos católicos do País), nem de ‘escandaloso’ (nem sequer um aceno para a questão do embaixador gay Laurent Stefanini ou sobre o caso de mons. Charamsa), mas só as questões que mais estão no coração do Papa.
Destacam-se, no entanto, a formação jesuíta que agradece por tê-lo presenteado com o “discernimento tão querido por Santo Inácio, a busca diária para conhecer melhor o Senhor e segui-lo sempre mais de perto”. Ou talvez a devoção a Santa Teresa de Lisieux, "uma das santas que mais nos fala da graça de Deus e de como Deus toma conta de nós”, à qual se confia ainda hoje nos momentos de dificuldades.
Destacam-se também as declarações do estilo: “sempre fui um sacerdote de estrada” e “também agora eu gostaria de passear pelas ruas de Roma, cidade muito bonita”. Talvez vestido “simplesmente como um sacerdote?”, pergunta a jornalista. “Não abandonei totalmente o clergyman negro debaixo da batina branca!”, responde o Papa e reitera ainda o seu desejo de "’mangiare’ uma boa pizza com os amigos”: “Sei que não é fácil, e mais praticamente impossível. O que nunca me falta é o contacto com as pessoas. Encontro muitas, muito mais do que quando eu estava em Buenos Aires, e isso me dá muita alegria! Quando abraço as pessoas que encontro, sei que é Jesus que me segura nos braços”.
Sobre a pobreza, são duríssimas as críticas que faz ao sistema económico atual. Um sistema “injusto”, afirma, no qual prevalecem o capitalismo e o lucro, que em si mesmos “não são diabólicos, se não são transformados em ídolos”. “Não o são se são instrumentos”, esclarece; pelo contrário, “se o bem comum e a dignidade dos seres humanos passam ao segundo plano, por não dizer ao terceiro lugar, se o dinheiro e o lucro se tornam fetiches a serem adorados, então, as nossas sociedades estão arrasadas”.
"A humanidade - é, portanto, o apelo do Santo Padre - e toda a criação devem deixar de estar a serviço do dinheiro” e recoloca no centro “a pessoa humana, a sua dignidade, o bem comum, as gerações futuras que vão povoar a terra depois de nós” que, de outra forma, acabarão vivendo em um “monte de lixo e entulho". "O cristão é inclinado ao realismo, não ao catastrofismo – acrescenta.  Embora se, precisamente por esta razão, não possamos esconder uma evidência: o sistema atual é insustentável".

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