Desde que a minha irmã L. viveu uma experiência espiritual em
Taizé que este lugar se tornou para mim um ponto do globo que não podia nunca
deixar de visitar. O feedback desta vivência tinha sido muito bom e, sendo ela
alguém bastante exigente e perfecionista, aquela admiração por esta simples
grande aldeia só era explicada, a meu ver, dadas as suas caraterísticas únicas.
A motivação e eloquência com que me falava desta comunidade eram fantásticas!
Mais tarde, quando me matriculei no 11.º ano, na Escola
Secundária da Sertã, e escolhi ter EMRC como disciplina, o entusiasmo que
inundava quem desta aldeia francesa falava e que foi constante ao longo do ano,
fazia-me desejar cada vez mais uma peregrinação a esta terra.
Depois dos vários testemunhos que me tinham sido apresentados
que Taizé passou a constituir um oásis de fé e amor, onde reinava, acima de
tudo, a simplicidade e a alegria.
Assim, é fácil entender que as expectativas que trazia eram
elevadíssimas e o receio de que não fossem superadas eram também uma constante
que antecedia a chegada e os primeiros dias em Taizé.
Talvez só a partir do 2.º dia percebi que aquele lugarzinho
era realmente especial, dado o seu espírito tão próprio e o ambiente acolhedor
de fraternidade, amizade e amor que se faziam sentir em tudo e em todos.
A pertença a diferentes igrejas cristãs não quebrava,
impressionantemente, o sentido de comunhão estabelecido entre os milhares de
pessoas que aqui querem viver intensamente uma semana (na maioria dos casos),
unidos a Deus, a Cristo e, evidentemente, àqueles que nos rodeiam.
Nomeadamente, àqueles que provavelmente buscam a resposta às mesmas
inquietantes questões, àqueles que anseiam por uma paz interior que noutro
local não encontram, àqueles que ainda não se conhecem e têm a necessidade de o
fazer e/ou àqueles que mesmo arrastados pela força da multidão vêm descobrir
algo inesperado e muito mais forte do que aquilo que esperavam.
Bem, as razões que nos conduzem até Taizé podem ser diversas,
contudo há sempre uma consequência que é comum e que nem sempre é identificada
como o propósito desta experiência, isto é, a valorização da espiritualidade de
cada um, essencial a uma vida plena.
O ambiente de Taizé é realmente convidativo à reflexão e/ou
introspeção que podem culminar numa tão nomeada mudança de vida.
A solidariedade e a comunicação são também conceitos que
combinam na perfeição com o espírito comunitário de Taizé. A interajuda é
também observável na sua essência livre de qualquer outro interesse, unicamente
com o intuito de proporcionar ao outro o melhor.
É, por exemplo, incrível que aquando da distribuição das
refeições haja uma disputa feroz e concomitantemente saudável entre voluntários
para se conseguir um simples lugar de trabalho. O desejo de participar em tudo
o que se puder é também qualquer coisa de impressionante, algo que acaba por
impedir uma boa noite de sono! Todos queremos aproveitar Taizé ao máximo!
Existem grupos de reflexão que interpretam e analisam
passagens bíblicas transpondo, com base na experiência de vida de cada um, a
sua lição para o mundo atual, ou seja, através destes grupos é possível
compreender facilmente o quão presentes são as parábolas bíblicas. Além de que
aqui são também criados laços que motivam à confiança.
Taizé é, pois, um lugar privilegiado para a interação entre
pessoas cultural e educacionalmente muito diferentes, pessoas de hábitos e
tradições distintas e onde as diferentes línguas não são propriamente um
obstáculo, sendo que talvez seja por isso que em Taizé está patente a
valorização dos simples gestos, como os sorrisos e até mesmo os olhares.
É fantástico ouvir a única música em português (Cantarei ao
Senhor) ecoar dos lábios de coreanos, alemães, ingleses, franceses, italianos…
que, embora com acentuações esquisitas ou sotaques diferentes, acabam por ter
um único sentido.
Neste lugar “mágico”, as emoções estão muito presentes.
Durante as orações as lágrimas (por vezes) correm pelo rosto
de quem está ao nosso lado e isso não nos é indiferente.
Taizé é como um concretizar de um Deus que é Amor!
Taizé, 28 de Julho de 2012
S.(Escola
Secundária da Sertã)
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